Itamaraty não toma partido. Diante de uma invasão com o mais poderoso exército do mundo, o mínimo que se espera é uma condenação do Brasil. Nada. O Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia tupiniquim, deve estar dando voltas na tumba, dizem os comentaristas políticos na imprensa. O noticiário diz que cidades são arrasadas e a população civil é massacrada. Nem crianças e mulheres escapam. A fúria da vitória a qualquer custa se processa com a prisão de governantes das vilas e cidades, que são sumariamente fuzilados. Não querem colaborar, são “sabotadores” divulga a propaganda do exército invasor.
 
A questão é se o governo vai controlar os meios de comunicação. Os jornalistas sabem que há risco em fazer jornalismo. Além das ameaças físicas, suspensão das verbas publicitárias do governo, há também processos no Judiciário. Em um momento em que no Brasil não há equilíbrio entre os poderes, os processos são conduzidos de acordo com sua capa, ou seja, a Justiça deixa de ser cega e passa a punir, ou perseguir, os que ousam em continuar divulgando notícias que não interessam ao presidente. O risco é maior quando a Constituição é rasgada, e o que prevalece é o interesse do Poder Executivo.
 
O Poder Moderador é ambicionado pelo Poder Executivo. Isso não é novidade na América Latina, onde o poder é concentrado nas mãos de um chefe, um caudilho que se arroga o direito de governar sem se submeter ao Poder Legislativo. A população não tem educação política e pouco se importa com a democracia. Quer segurança, estabilidade e, se possível, as benesses que pingam do poder público na forma de escolas precárias, poucos postos de saúde e estradas intrafegáveis na época de chuva
 
Na iminência de ser preso, o último refúgio é se esconder em uma embaixada na capital federal. O Brasil vive um período de tumulto político que contamina também as Forças Armadas. Há risco de o país vivenciar mais um golpe de estado, ou mergulhar em uma guerra civil. O alvo da repressão é o político acusado de tumultuar a vida do Brasil, com o envolvimento em constantes debates políticos e apoio do comandante da marinha de guerra. O Congresso Nacional vive dias de fortes disputas com deputados se posicionando ao lado do crítico contumaz do presidente em exercício e do grupo político que o apoia.
 
Ela escandaliza a presidência da República. Em uma sociedade conservadora, patriarcal, o que se espera da mulher do presidente da República, no mínimo, é recato. O comportamento não convencional da primeira-dama abre grandes espaços na mídia e nos comentários da capital do Brasil. A primeira-dama não deve se expor, pois isso pode atingir a imagem do governo e, para isso, precisa se distanciar dos amigos, entre eles escritores famosos. No entanto, ela atua como atriz no teatro, coisa totalmente inédita e descabida para uma primeira-dama. É verdade que ela não tem mandato, não foi eleita, logo não pode interferir nos projetos do governo que o marido dela dirige.
Procura de mão de obra mais barata abre as portas para a ascensão da mulher na sociedade. O primeiro passo foi dado ainda na primeira fase da Revolução Industrial na Inglaterra, no final do século 18. Quem produz menos, deve ganhar menos. Esta é a conclusão dos proprietários de indústrias. Os mesmos que contratam crianças. Estas produzem menos do que as mulheres, por isso ganham menos do que elas. Mesmo morando na fábrica, submetidas às violências físicas e morais, não podem receber melhores salários. Para muitas famílias inglesas é a alternativa para os filhos não morrerem de fome nas ruas de Manchester, Sheffield ou Londres. A reação política para a exploração de homens, mulheres e crianças é pífia e, quando ocorre, é severamente peitada pelo exército real.
 
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