Sexta, 18 Novembro 2022 10:00

LUTO: Bate Papo com Fátima Nóbrega

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Fátima Nóbrega conheceu Adilson no trabalho e quando o viu sabia que ele era o amor da sua vida. Formaram uma família linda, construíram uma história que despertava a admiração dos amigos, mas depois de uma doença fulminante no pâncreas, precisaram se despedir. Ao Universo de Rose Fátima conta como lidou com a morte do companheiro, as ferramentas que usou para atravessar esse período e contou se pensa em viver um novo amor. Confira a entrevista que ela deu ao Universo de Rose.

Universo de Rose: Fátima, como você conheceu seu marido?

Fátima Nóbrega – Em 1980, eu já estava trabalhando na Maringá Turismo e o Adilson, começou a trabalhar na área de computador, ficamos muito próximos, acabamos namorando, noivando e nos casamos em 1985.

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UR – Lembra do que sentiu ao conhecê-lo?

FN – Sim, foi amor à primeira vista, eu não namorava com ninguém e quando ele apareceu, o meu coração disse: esse é o homem da minha vida, e assim foi. Me lembro que ele sempre me trazia um chocolate com mensagens lindas e o amor foi crescendo...

UR – Quais eram os gostos comuns e as maiores divergências entre vocês?

FN – Bem, nossos gostos eram muito parecidos... gostávamos de trabalhar, viajar, éramos responsáveis com nossas situações no dia a dia. Divergências... eu sempre fui a mais brava (risos...) e sempre reclamava mais de certas situações, o Adilson era mais maleável e companheiro, amoroso.

UR – Vocês falavam sobre a morte ou evitavam o tema?

FN – Sim, normalmente falávamos, pois sempre tínhamos velório de amigos ou parentes. Eu não gostava muito de falar sobre esse assunto, mas ele falava: “quando eu morrer, podem me enterrar, vou estar preparado”, mas eu nunca poderia imaginar que ele viesse a falecer tão cedo, por ser uma pessoa brincalhona de espírito alegre, eu sempre falava o dia que eu for prefiro ser cremada..... trocávamos esse tipo de figurinhas...

UR – O que foi mais difícil no processo de luto?

FN – Agora já se passaram 07 anos sem ele... no começo, os dois primeiros anos foram complicados, tudo lembrava ele, hoje ainda lembra, mas a dor está passando. Têm horas que eu me pego e me pergunto porque tão cedo? Ele se foi com 58 anos. O Adilson tinha uma doença no pâncreas, achávamos que iria tratar e ficar bom. Mas em dois meses os sintomas vieram fortes e ele se foi... eu e minha filha, minha família, ficamos em choque, não queríamos acreditar que ele tinha ido embora com Deus. Ainda hoje muita coisa o lembra... o mais difícil foi o começo, retirar as roupas dele para doar e ver que cada roupa e objeto lembrava uma vida com ele, muito difícil...

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UR – Como você se sente por ter ficado viúva ainda nova?

FN – Como tenho muitas amigas que também perderam seus maridos, procuro conversar, uma ajuda a outra e assim o tempo vai passando, melhor não pensar muito pois a cabeça se envolve de uma maneira que podemos até ter uma depressão, não é fácil...só quem passa sabe o quanto é difícil faltar uma pessoa tão especial em nossas vidas, como sempre falo.

UR – O que te deu esperança para continuar?

FN – Minha filha e neta são minhas vidas e minha família que é muito maravilhosa, além de meu trabalho que amo em uma corretora de seguros, faz com meus dias passem rápido e vivendo um dia de cada vez...

UR – Você se sente aberta, preparada para viver um outro relacionamento?

FN – Sim, até tentei conhecer alguém, mas infelizmente nunca será igual, acredito que a cara metade da gente só aparece uma vez, foi o meu caso e do Adilson, mas vamos vivendo...

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UR – Você sente apoio ou julgamento das pessoas ao seu redor quando o assunto é viver um outro relacionamento?

FN – Minha filha e neta não querem. Mas minha família e amigos sempre dizem: “você é jovem e precisa encontrar outra pessoa...”, mas no meu interior eu prefiro ficar sozinha, hoje em dia está muito difícil qualquer relacionamento, ficar sozinha, viajar, passear e trabalhar.

UR – Como você explicou a perda do pai para sua filha?

FN – Ela já estava trabalhando aos 27 anos, uma moça. Ela sentiu e sofreu muito, mas entendeu que o pai estava muito doente e que infelizmente não teria mais volta. Quem sofreu mais foi a minha neta, na época com 5 anos, não entendeu porque o avô se foi, falamos que ele virou uma estrelinha no céu.... como minha filha e minha neta moram comigo, acredito que também ajudou muito no meu luto, eu não estava sozinha e elas fazem parte de minha vida e do meu dia a dia, convivemos sempre juntas, até hoje..., mas não é fácil.

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UR – Qual mensagem você deixaria para outras viúvas?

FN – Na verdade, o que posso dizer é que sempre digo: fé em Deus, todos nós temos uma passagem por aqui, cabe a nós procurar se distrair aos poucos, fazendo com que nosso coração em luto seja a cada dia amenizado a dor que sentimos, procurando ocupar a nossa mente e orar sempre pelo nosso companheiro (isso sempre faço uma missa uma oração e até uma visita ao cemitério), ajuda muito...

Rosângela Cianci

Jornalista, repórter, palestrante, apresentadora, produtora de TV, idealizadora do site Universo de Rose. Incansável observadora do cotidiano, sou apaixonada pelo que faço. Ex-Secretária Executiva, sempre lidei com Diretoria e Presidência, mas, prestes a completar Bodas de Prata na área, resolvi desengavetar um sonho antigo: o Jornalismo. E parti pra nova luta com 40 (e uns anos), pois meu negócio é escrever e conversar sobre assuntos de A a Z...

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