Na iminência de ser preso, o último refúgio é se esconder em uma embaixada na capital federal. O Brasil vive um período de tumulto político que contamina também as Forças Armadas. Há risco de o país vivenciar mais um golpe de estado, ou mergulhar em uma guerra civil. O alvo da repressão é o político acusado de tumultuar a vida do Brasil, com o envolvimento em constantes debates políticos e apoio do comandante da marinha de guerra. O Congresso Nacional vive dias de fortes disputas com deputados se posicionando ao lado do crítico contumaz do presidente em exercício e do grupo político que o apoia.
 
Ela escandaliza a presidência da República. Em uma sociedade conservadora, patriarcal, o que se espera da mulher do presidente da República, no mínimo, é recato. O comportamento não convencional da primeira-dama abre grandes espaços na mídia e nos comentários da capital do Brasil. A primeira-dama não deve se expor, pois isso pode atingir a imagem do governo e, para isso, precisa se distanciar dos amigos, entre eles escritores famosos. No entanto, ela atua como atriz no teatro, coisa totalmente inédita e descabida para uma primeira-dama. É verdade que ela não tem mandato, não foi eleita, logo não pode interferir nos projetos do governo que o marido dela dirige.
Procura de mão de obra mais barata abre as portas para a ascensão da mulher na sociedade. O primeiro passo foi dado ainda na primeira fase da Revolução Industrial na Inglaterra, no final do século 18. Quem produz menos, deve ganhar menos. Esta é a conclusão dos proprietários de indústrias. Os mesmos que contratam crianças. Estas produzem menos do que as mulheres, por isso ganham menos do que elas. Mesmo morando na fábrica, submetidas às violências físicas e morais, não podem receber melhores salários. Para muitas famílias inglesas é a alternativa para os filhos não morrerem de fome nas ruas de Manchester, Sheffield ou Londres. A reação política para a exploração de homens, mulheres e crianças é pífia e, quando ocorre, é severamente peitada pelo exército real.
 
Ninguém sabe quem está com a razão, mas o país está polarizado. A oposição não esconde o seu perfil conservador e junta argumentos de toda ordem contra o governo. As acusações são de ligações com o esquerdismo e suas teses contra o capitalismo. O mote da direita é a defesa da liberdade, da democracia e da propriedade privada. Esta é a que sofre os maiores ataques, sendo classificada por alguns de um verdadeiro roubo. Os proprietários rurais são acusados de grilarem as terras, constituírem grandes latifúndios, muitas vezes improdutivos. Só ter a posse da terra já garante fortuna e reconhecimento social.
 
Disputa da prefeitura de São Paulo caminha para um confronto ideológico. As campanhas, ao invés de focarem nos problemas da megacidade, elegem o confronto político entre conservadores e progressistas. A população acompanha boquiaberta debates que falam em marxismo, exploração do homem pelo homem, reforma agrária na marra, ataques contra a religião, geração de mais-valia e outras coisas ininteligíveis. Parece um debate acadêmico em uma defesa de dissertação de mestrado e não uma campanha para ser prefeito da maior e mais  poderosa cidade do Brasil.
 
Ele está, como diz a sabedoria popular, em um mato sem cachorro. A Polícia Federal está em seu encalço. Entre as traquinagens do famoso político está a compra superfaturada de produtos para o Ministério da Saúde. Há investigação sobre as sobras do dinheiro arrecadado para a campanha e suspeita-se que parte dele tenha sido transferida para o exterior. As denúncias cada vez mais intensas são  responsáveis pela queda de aceitação do seu governo. A sua popularidade despenca mesmo se deixando fotografar fazendo exercícios em academias, ou pilotando um jet ski ou jato da FAB. A chamada “lua de mel” entre a opinião pública e o governo se exaure rapidamente com o insucesso da política econômica, que não é capaz de estancar o ritmo da inflação.
 
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