O Brasil está de olho na Copa do Mundo. Até funcionários públicos ganham feriado nos dias de jogos da seleção. Os jornalistas esportivos se preparam para os jogos mais importantes com acompanhamento dos treinamentos e a avaliação dos adversários do Brasil no campeonato mundial. Há uma bolsa de apostas e a seleção nacional está bem cotada. É uma das favoritas para levar o caneco e dar ao povo uma alegria inédita.
A oposição diz que não vai dar certo. Mais uma vez os pobres serão deixados de lado e só os ricos serão protegidos. O principal alvo das críticas é o grupo conhecido como Centrão, ou seja, um aglomerado de deputados e senadores sem qualquer compromisso com propostas, mas com as verbas que possam carrear para os seus currais eleitorais. São alimentadores de caciques locais famintos por verbas com as quais podem iludir a população e se perpetuar no controle das prefeituras. A pirâmide política tem o fisiologismo e o compadrismo como sustentáculos de dominação.
Dá prestígio ter um encontro com o papa. E votos. Chama a atenção da comunidade católica de todo mundo. O impacto é maior no Brasil que, por tradição, até escolheu o catolicismo como religião oficial do Estado no período imperial. Só com o advento da República houve a separação entre a Igreja e o Estado. Ainda assim, a figura do papa tem uma força simbólica forte, haja vista que os evangélicos ainda se organizam em várias confissões. Até a década de 1970, nos eventos governamentais, dava-se destaque a um representante da igreja católica. O mestre de cerimônia anunciava a presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas.
presidente bate de frente contra a política externa americana. Ninguém esperava que houvesse qualquer desencontro entre os Estados Unidos e o Brasil. Afinal, a política externa brasileira é afinada com a do Tio Sam desde a Segunda Guerra Mundial e chegou a ponto de o embaixador brasileiro em Washington declarar que “o que é bom para os Estados Unidos é  bom para o Brasil”. Mas os tempos mudaram e sopram para a esquerda na América Latina, com sua ascensão em vários países. O Brasil quer se posicionar como uma potência média, mas para ser reconhecido precisa dar passos que desagradam aos formuladores de política latino-americana  do Departamento de Estado
O chefe do Executivo tem desejos de ter cada vez mais poder. Ele já é avaliado pelos jornalistas políticos como um líder populista. Sabe falar a linguagem das camadas mais pobres da população, principalmente os operários concentrados em vários bairros da cidade. Ele se entende com os sindicatos e não fecha nem as portas do palácio, nem o cofre público para ajudar essas instituições. Em troca tem o apoio dos pelegos que organizam manifestações, as enchem de gente, confeccionam cartazes e picham as paredes dos muros de prédios públicos ou particulares.
O líder está acostumado com a multidão. Em todo lugar que se apresenta, grupos de apoiadores se aglomeram para participar de carreatas desde o aeroporto até o local do evento. Muitos se contentam com uma foto, um aperto de mão, ou quem sabe um abraço do líder. Afinal, ele promete, desde o início do mandato, arrumar a casa e melhorar a vida da população. Os políticos se aglomeram atrás da figura do presidente, se empurram, trocam cotoveladas e sorriem sem motivo algum. Querem aparecer ao lado do líder na televisão e na cobertura do evento na mídia nacional.
 
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