A disputa pela presidência da República do Brasil nem sempre é apertada. Desta vez, o candidato apoiado pelo governo teve uma boa vantagem e nada indica que ele não vá tomar posse e governar o Brasil nos próximos 4 anos. A questão é que o candidato derrotado não se conforma com o resultado, faz campanha pelo país e acusa o vencedor de ter se aproveitado do sistema eleitoral corrupto e corroído pela fraude. 

As fábricas de armamentos ganham dinheiro exportando tudo o que podem e alimentam o chamado complexo militar-industrial. Mas não é suficiente. As nações europeias esperam uma decisão firme, que possa contar com o poderio bélico do Tio Sam e acabar com um morticínio que já dura um ano. A Casa Branca não dá sinal de que vai enviar forças militares, o secretário de estado só dá declarações evasivas e, vez por outra, reafirma a posição do governo de neutralidade. O congresso está dividido, porém, os republicanos  avançam e derrotam várias vezes os democratas, especialmente no que diz respeito à política externa americana.

A greve geral se torna um instrumento político. Em vez de juntar pessoas que buscam  melhores salários e condições de trabalho, outras categorias se juntaram. Responsabilizam o presidente da República pela situação calamitosa que vive o Brasil e, segundo os líderes do movimento, a saída é uma paralisação geral. O movimento arregimenta milhares de pessoas nas praças, e a polícia não tem condições de controlar. Jornalistas presentes nos comícios descrevem a situação como extremamente grave, 
O presidente brasileiro é recebido pelo presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. Uma demonstração de apreço ainda que quase todos os chefes de estado que vão a Washington passem por lá. Tem sempre aquela foto tradicional em que estão sentados ao lado de uma lareira e trocam sorrisos para os jornalistas. Nos bastidores, o clima não é tão descontraído. O presidente norte-americano, apesar de pertencer ao Partido Democrata, não vê com bons olhos a onda vermelha que cobre boa parte do continente latino-americano. Além de Cuba, eterna rival, outros países avançaram para a esquerda, uns por meio de eleições democráticas; outros, via ditaduras.

O novo governo tem que enfrentar a inflação. Ela não é privilégio do Brasil. O mundo todo passa por uma crise e os preços dos produtos não param de subir. A crise provocada pela guerra na Europa, dificuldades de exportação de manufaturados e ameaças de novos conflitos encarecem  os produtos. Ninguém escapa da crise econômica e financeira global. A alta do custo de vida atinge principalmente as grandes cidades brasileiras, onde o poder de compra fica cada vez mais frágil. Há inquietação nos assalariados de maneira geral e a esperança de um aumento dos salários, principalmente do salário mínimo, é frágil. A oferta de empregos com carteira de trabalho assinada está em queda e com ela o poder aquisitivo dos salários. O governo federal procura uma estratégia para combater a inflação. O Congresso Nacional, recém-eleito, se predispõe a  aprovar um plano, desde que contemple as regiões mais pobres do país.

Ninguém, até este momento, pode imaginar que é possível juntar opositores e adversários em torno de um ideal comumA intenção é restaurar a democracia no Brasil. Políticos e partidos políticos chegam à conclusão de que é preciso esquecer as divergências do passado. Sem isso, fica difícil tirar do poder o militar que ocupa a Presidência da República. Ele tem apoio das Forças Armadas e boa parte dos conservadores e direitistas. Representa um programa que impede a ascensão de líderes que possam pôr em risco os fundamentos da nação, entre eles a propriedade privada. Há forte reação, principalmente dos proprietários de terras que tiveram suas fazendas invadidas por agricultores aos gritos da implantação de uma reforma agrária. Por sua vez a burguesia industrial teme a volta do fortalecimento dos sindicatos, paralizações da produção, greves por melhores salários e condições de trabalho. Há um forte sentimento anticomunista, o temor que esse regime possa ser implantado no Brasil, como ocorreu em alguns países da América Latina, e Cuba é o maior exemplo.